A tradição, pouco conhecida da maioria dos madeirenses, realiza-se anualmente, a 2 de fevereiro, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no sítio dos Zimbreiros, na freguesia da Tabua. É organizada pelo povo da localidade e/ou, em alguns anos, por festeiros.
A freguesia do Seixal, no concelho do Porto Moniz, assinala anualmente a 17 de janeiro a Festa de Santo Antão. O padroeiro da freguesia é homenageado graças ao empenho do povo da localidade.
As festividades em honra de Santo Amaro, a 15 de janeiro, marcam, em certas localidades da Madeira, o fim da época Natalícia. Os presépios ou as lapinhas são desmontados e as iguarias que sobraram do Natal são partilhadas pela família e amigos. É o chamado “varrer dos armários”.
O objetivo é manter viva uma tradição que, no passado, acontecia um pouco por toda a ilha: as chamadas "romarias". Grupos de pessoas, residentes ou de fora, juntam-se para festejar em conjunto um determinado acontecimento ao ritmo de música popular acompanhada por instrumentos tradicionais.
A tradição repete-se, anualmente, na freguesia do Seixal, no Porto Moniz.
Tudo terá começado durante a II Guerra Mundial pela mão de um grupo de jovens do concelho que se deslocava para o Chão da Ribeira para tratar do gado. Os rapazes levavam carne de porco salgada que tinha sobrado do Natal e organizavam pequenas refeições com as couves, “semilhas” e outros legumes que eram colhidos diretamente dos terrenos. Gerava-se um ambiente festivo. Assim nasceu a Festa do Panelo.
A festa do povo
Muitos desconhecem a origem da Festa do Panelo mas, na verdade, a tradição resiste aos tempos modernos e junta várias gerações.
Atualmente o tradicional cozido à portuguesa confecionado com carnes, enchidos, batata-doce, “semilha”, etc, acontece no terceiro e também no último domingo do mês de Janeiro. Os primeiros forasteiros chegam ao recinto logo pelas 7 da manhã para garantir o melhor espaço. Tudo é preparado, bem cedo, em fogareiros a lenha junto aos conhecidos “palheiros”.
Para o convívio/festa cada um leva o que pode. O importante é criar uma espécie de arraial onde se juntam familiares e amigos. A panela, algumas com capacidade para mais de 150 litros, fica a cozer, a lenha, durante pelo menos 3 horas. Nesse período o tempo é de lazer ao som de instrumentos tradicionais madeirenses. Alguns grupos improvisados vindos de várias freguesias da Ilha passeiam de “palheiro em palheiro” distribuindo aos presentes boa disposição.
Os licores caseiros são presença obrigatória, muitas vezes, acompanhados por broas ou bolo de mel.
Chegada a hora do almoço, a panela é literalmente vertida em cima de uma toalha de mesa, regra geral de linho. É tempo de saborear o cozido feito com a ajuda de todos. O tradicional vinho regional não pode faltar.
Depois da farta refeição a animação prolonga-se até ao final do dia.
Os palheiros
Mais não são do que pequenas casas em pedra que outrora serviam para guardar os utensílios agrícolas usados no cultivo dos terrenos. Agora, os tradicionais “palheiros”, devidamente recuperados e adaptados, transformaram-se em uma espécie de “casas de campo”. Algumas estão mesmo disponíveis para aluguer a turistas e residentes.
O cartaz turístico
Os números não são conhecidos, mas as estimativas indicam que, todos os anos, milhares de madeirenses acorram ao Chão da Ribeira, por ocasião da Festa do Panelo.
Com o passar do tempo, o que era um convívio restrito cresceu ao ponto de, para alguns, já ser visto como negócio. Mais recentemente surgiram as primeiras barracas de comes e bebes, venda de bolos do caco, entre outros.
As entidades da freguesia sonham já em transformar a “Festa do Panelo” em um cartaz turístico e comercial.
Começou por ser a Feira da Poncha, uma vez que a Serra de Água, na Ribeira Brava é uma freguesia conhecida pela deliciosa bebida preparada à base de aguardente, mel e limão. Mais recentemente o limão tem vindo a ser substituído por outras frutas, nomeadamente laranja, maracujá, etc.
Como é do conhecimento geral, a Madeira oferece condições excelentes para a realização de percursos a pé pelo interior da Ilha ao longo de praticamente todo o ano.