As bailarinas aparecem com o traje madeirense mas numa dança contemporânea.
As críticas nas redes sociais não demoraram muito a chegar. Muitos emigrantes consideram que a atuação "banaliza" e não respeita o traje madeirense.
Eugénio Perregil endereçou uma carta aberta ao Secretário do Turismo, a pedir esclarecimentos, que aqui partilhamos:
"CARTA ABERTA AO SECRETÁRIO REGIONAL DO TURISMO E CULTURA DA MADEIRA
Tendo em conta que ontem, sábado, dia 15 de março, foi apresentada, no Stand da Madeira na Bolsa do Turismo de Lisboa, uma dança, no nosso entender, estranha ou bizarra e que nada tem a ver com a Madeira, nada a dignifica, nem contribui para a preservação do Folclore Madeirense, principalmente pelo uso, de forma indevida e até ofensiva, dos trajes regionais da Madeira, vimos, por este meio, solicitar explicações a Vossa Excelência, como responsável máximo pela promoção do Turismo da Madeira, acerca desta situação, ocorrida na maior feira do Turismo do pais.
Na nossa opinião, isto é uma vergonha para a imagem do Turismo da Madeira e, dum modo particular, é uma falta de respeito pelo trabalho de todos aqueles e aquelas que, no dia-a-dia e ao longo dos tempos e dos anos, lutam pela imagem e preservação da cultura tradicional da Madeira e do Porto Santo.
Visto que Vossa Excelência tutela a secretaria regional que detém a área da Cultura, exige-se maior responsabilidade e maior rigor e cuidado para com exibições públicas, pagas pela Madeira, quer na promoção e preservação da cultura tradicional madeirense quer na promoção do destino Madeira. Animação turística e Cultura são áreas diferentes, mas devem estar irmanadas no respeito pela identidade cultural de uma Região Autónoma. Uma coisa é arte e e recriação da tradição, outra coisa é a ofensa e distorção dos usos e costumes de um povo, que se manifestam, concretamente, na sua etnografia, no traje, nas músicas, ou seja, naquilo que o folclore envolve e representa. Pois bem. Não sabemos quanto custou essa actuação? Não sabemos quem é o autor? Não sabemos com que objectivo fizeram isso? Não sabemos quem autorizou tão despropositada exibição, que ofende o povo madeirense e porto-santense. Qual é a recriação que isto representa? É a Festa da Flor? É a Festa do Fim-do-Ano? É a Festa do Vinho? Ou é a Festa do Carnaval?
Vimos solicitar, a Vossa Excelência, uma explicação pública para o acima exposto, porque acreditamos que o nosso povo a merece, perante uma exibição que repudiamos.
Muito obrigado.
Nota: Após um diálogo é uma reflexão séria com vários elementos de vários grupos de folclore da Região Autónoma da Madeira e de outros tantos membros de grupos da diáspora madeirense, enviei ao senhor Secretário esta carta aberta.
Eugénio Perregil"