Trata-se apenas de mais uma etapa de um ciclo iniciado praticamente na altura dos Descobrimentos Portugueses. A exemplo dos grandes Descobridores, o emigrante madeirense foi pioneiro na procura do desconhecido.
» O Porto das Emoções
Antigamente a “viagem da esperança” iniciava-se no Porto do Funchal, local de passagem de navios oriundos de diferentes partes do mundo. Um espaço que guarda histórias de emoção aquando da despedida de familiares e amigos. Ao longo da história surgem vários ciclos migratórios resultantes de crises económicas e também por motivos religiosos. O Brasil, conhecido pela exploração da cana sacarina, foi dos primeiros portos de acolhimento da comunidade madeirense. » A crise económica No século XIX o comércio do vinho, principal motor da economia da Madeira, entrou em forte declínio. A fome espalhou-se rapidamente e a emigração foi mesmo uma questão de sobrevivência para muitas famílias. Praticamente na mesma altura instalou-se na Madeira o médico escocês, Robert Kally. Foi bem recebido pelas autoridades pela ajuda dada à população nas áreas da saúde e educação. No entanto, o cirurgião acabou por converter os seguidores ao protestantismo. Surgiu uma forte tensão religiosa obrigando o grupo protestante a fugir para Trinidad, uma colónia britânica. Alguns acabaram por substituir os escravos na cultura da cana-de-açúcar, outros partiram para o mundo do comércio e um outro grupo rumou para Nova Iorque, São Francisco e Hawaii.
» Os países da Diáspora
A presença portuguesa espalhou-se, em pouco tempo, aos quatro cantos do mundo. O maior fluxo migratório surgiu, no entanto, durante o século XX. A Venezuela foi dos destinos mais procurados pelos madeirenses. O país da América Latina acolhe, segundo dados oficiais, 400 mil portugueses, mas somando os luso-descendentes esse valor pode ultrapassar 1 milhão. A maioria dos emigrantes trabalha na área do comércio, em particular nas padarias.
O comércio lojista é também a maior fonte de rendimento dos emigrantes que escolheram a África do Sul para viver. A insegurança marca os dois países. Regularmente surgem notícias de homicídios e sequestros de membros da comunidade emigrante. Canadá e Estados Unidos da América são destinos também procurados. No entanto, as regras rígidas aplicadas nestes dois países condicionam, em muito, a entrada de novos emigrantes. O mesmo sucede na Austrália. Estima-se que o País acolha 40 mil madeirenses dispersos por Camberra (capital) e Sidney. A repatriação e/ou deportação são mecanismos utilizados por estes Estados para forçar o retorno ao País de origem (no caso de ilegalidades processuais ou por decisão da Justiça)
» Europa: um novo destino
Mais recentemente a Europa passou a ser o destino preferido para a emigração. Reino Unido (onde se incluem as Ilhas do Canal), França e Suíça são os países que mais portugueses acolhem. Uma vez mais, os madeirenses afirmam-se no mundo do negócio, sobretudo no Reino Unido, onde oficialmente existem cerca de 300 mil emigrantes oriundos da Região Autónoma. Muitos emigrantes alcançaram sucesso e hoje dão emprego a centenas de trabalhadores. Outros viram o sonho transformado em “pesadelo” e acabaram por ficar envolvidos no negócio da exploração. » Presente e futuro Tal como no passado, a emigração está de volta: a diferença está na “fuga” de mão-de-obra qualificada para o estrangeiro. Quase todos partem aliciados por melhores salários. Ainda assim, as autoridades ligadas à emigração aconselham cautelas antes da partida em busca de melhores condições de vida. Há questões que devem ser bem ponderadas, tais como, contratos de trabalho, alojamento, alimentação, transporte, vencimentos, seguro de saúde, entre outros.
Todas as informações úteis para o viajante podem ser encontradas no Portal das Comunidades Portuguesas do Governo da República (http://www.secomunidades.pt).