As típicas casas de Santana são uma imagem de marca da Madeira. Surgem nos diversos materiais de promoção turística da Ilha no Mundo. Terão sido possivelmente vestígios das construções do antigamente.
Os materiais utilizados na construção eram abundantes, económicos e de fácil aquisição. As casas são compostas por madeira, colmo (palha de trigo ou centeio), varas de folhado ou de urze e vimes. Todos estes materiais são fáceis de encontrar na Região.
O trigo e o centeio, transformados em farinha, eram a base de alimentação de muitas famílias. A palha (colmo) era usada para a cobertura das habitações das famílias mais humildes.
COLMATAÇÃO
O método de colocação do colmo obedece a alguns critérios e técnicas. Para uma boa colmatação, devem ser selecionadas variedades de trigo que possuam caraterísticas específicas para a planta, de modo a obter caules de porte alto, linear e robusto, e que sejam resistentes à “acama”.
Os vimes são utilizados para os “pontos” e necessitam de um processo de tratamento específico para que fiquem com a maleabilidade suficiente para a amarração. São utilizados vimes com cerca de 2m de altura, com cerca de 2cm de diâmetro, que deverão ser colocados a secar, passando pelo fumeiro, depois serão colocados de molho, em água, durante sensivelmente catorze dias. Sendo um material maleável e de grande flexibilidade, têm um papel crucial na construção das casas, pois servem para amarrar as varas, que comprimem o colmo à estrutura de base, as ripas.
As varas, uniformes e resistentes, são utilizadas na horizontal entre as várias camadas do colmo, para compactar a cobertura à armação.
A forma tradicional de cobertura das casas consiste em colocar o colmo na vertical começando de baixo para cima, dispondo os maranhos juntos, sobrepondo-os de modo a garantir o isolamento.
Sobre os feixes são colocadas as varas na horizontal, que são amarradas com os vimes, comprimindo a palha para que não se solte. Esta primeira camada tem sensivelmente 15 cm de espessura e pode ser feita com palha de centeio, por ter um aspecto mais regular, e é denominada de “camisa”.
No final da cobertura, na cumeeira, são feitos os “bonecos”. Estes “bonecos” têm como função proteger os últimos “pontos” que foram feitos com os vimes, para que estes não se degradem facilmente.
Concluído o processo de cobertura, é necessário aparar a palha, para que fique com um aspeto mais homogéneo.
As casas de colmo são sujeitas a uma manutenção regular de a cada 4 ou 5 anos. Tudo depende da qualidade dos materiais, das temperaturas e mesmo da precipitação a que foram sujeitas.
AS DIVISÓRIAS
As casas de colmo são compostas por um sótão, onde se guardavam produtos agrícolas (por exemplo as sementes), e um piso térreo, geralmente área habitacional, que se encontrava dividido em duas partes separadas por um frontal. Dependendo do declive do terreno, algumas casas têm também uma cave, vulgarmente designada de loja. Este compartimento tanto podia servir de arrecadação, como de quartos de dormir.
A área habitacional servia essencialmente de dormitório, o quarto do casal e o quarto dos filhos. Por vezes, o quarto dos filhos era dividido com uma cortina de pano, de forma a separar os rapazes das raparigas. O acesso ao sótão pode ser feito tanto por dentro (por um alçapão), como por fora (pela porta do sótão) com o auxílio de uma escada. A cozinha era uma construção à parte, também com cobertura de colmo, onde para além de se confecionar a comida, se realizavam também outras tarefas, como bordar, coser roupa, fiar, e outros trabalhos ligados à agricultura e às lides domésticas.
Também à parte, existiam os palheiros, construções semelhantes que serviam para guardar o gado.
Fonte: Câmara Municipal de Santana